Que sabor tem a mão que apertou.
Fazes bem em não me dizer
De que cor é uma vida parada.
Faço bem em não saber
O que aconteceu que nos afastou
Porque eu sei bem de cor
Que nós não sabemos nada.
E ela disse isto num esgar
De piedade por si e pelo que sentiu,
Com medo do que não resistiu.
Mas depois, segura do que estava
Em frente, sente e não mente
E seguiu. Largou o que carregava
E não fugiu: riscou o que outrora sentiu.
Num trejeito característico do pensar
As palavras bonitas que deseja,
Onde quer que ela esteja,
Escrevem-se num murmurar.
Afinal tudo isto se passou
Nos seus românticos pensamentos
Que em todos os momentos
São infelizes
Ou engenhosos.
24 Abril 2008.
Por acasião de ter recordado os meus poemas ontem e por uma outra ainda, mas que não interressa assim tanto. É um poema encenado que nada tem a ver com os que aqui ja publiquei, porque tal como lhe chamo encenado, fingi para o escrever. Só uma nota: os últimos dois versos são na verdade um só, um verso quebrado, mas a formatação do blog impede-me disso.