segunda-feira, 13 de abril de 2009

Bibliotecária

Um homem doido que bate o pé no chão
E as pombas que sobem então.
Uma racha de pedra num muro duro
Da esquina que passo, e passa o tempo,
Na sua espera de pedra onde eu não duro,
Antes lento o olhar, endoidecido (e não o curo).

Não, é tudo ilusão.

Tenho de ir directa ao meu portuário,
Porto de conforto e ordinário
Para o meu pensamento absorto e contrário.

Mas não é a Verdade!

O pensamento é inquieto, como na espera,
Mesmo na espera,
Em que se alongou e olhou
O homem do pé batido e o muro ferido.
E como mais tarde,
Mesmo mais tarde, ao abrigo
Da chuva que se ouve cá fora,
Molha lá dentro e abre caminho
Ao meu pensamento inquieto.
Inquieto na espera, mais tarde, sempre,
Sempre e em toda a hora,
É assim com esperança
Que o descubro agora,
Inquieto desde paga a fiança
Por ti, bibliotecária pronta.
Liberdade para uma desvirtuada realidade,
Por um recibo deturpado
No teu verso que conta,
Mas do meu lado errado.

20 Abril 2008
O antigo e o preferido.

2 comentários:

disse...

É indiscutivelmente o meu poema preferido. Está extraordinariamente ritmado e incrivelmente complexo. Sao muitas ideias. Muitas históricas que se cruzam e entrelaçam e que mostram a perplexidade e inconstância do homem que é acompanhado pela mutabilidade das coisas, dos sons, da natureza. Felizmente caminhas entre algo que nao defines e aquilo que desconheces e absorves td num tic tac desmedido e parece que todas as imagens sao demasiado fugazes mas num passo ou noutro ha sempre algo que fica, mesmo que a figura do homem que bate o pé. E sem saberes estás receptiva a td isto mesmo dentro da relatividade do espaço e do tempo. E sabes pq sei isto? Pq estás do lado errado, o lado que nem smp percebemos o qnt e certo mas simplesmente estra errada é mts vezes ser-se.

Um beijo da vizinha

Matheus Alves disse...

Ai cara vê se da uma força e entra e deixa um comentário lá no meu blog e da uma divulgada.WWW.cinelop.blospot.com